domingo, 29 de novembro de 2015

minhas engrenagens

Então transformei nisso aqui aquilo que era transportado pelo fluido existente em mim como ser humano, como mente. Olhei a lista de contatos: pra qual amigo falar? algum ouviria e entenderia todo esse processo que só faz sentido na minha cabeça?

Nós somos muito influenciados pelas nossas experiências de infância (é algo assim que tá na sinopse de O Oceano no Fim do Caminho, né?) querendo ou não, de forma boa ou ruim. A atriz Glória Pires entrevistada em um programa ontem (adoro entrevistas, dá pra tirar uns bons exemplos muitas das vezes) falou que viveu em um lar com muito companheirismo entre seus pais, ela sempre se mostrou muito segura de si e disse que isso foi graças a esse ambiente que ela tinha em casa. O Tico Santa Cruz publicou algo recentemente falando sobre os conflitos que ele via em casa ao longo do seu desenvolvimento e da inquietação em que ele se transformou, da inquietação que ele é.

Eu sou meio que uma inquietação. É difícil de explicar, e queria ser mais inquieta quanto aos questionamentos políticos e filosóficos.

Pensando cá com meus botões... meu ambiente é bem parecido com o dele. E sempre busquei superar esses conflitos, apesar de pouquíssimos serem relacionados a minha pessoa (como creio que tenha sido com ele), passar por cima e não deixar isso me afetar. Apesar de acreditar que podia ter feito melhor, acho que até fiz de uma forma boa, não excelente, mas boa, a tarefa de não permitir que me atrapalhasse, que me impedisse. Podia ter me afetado mais. E, mesmo sem querer, buscava ter experiências sociais, não me render ao costume que ali se estabeleceu: de viver sempre na superfície, na rotina estressante, no distanciamento social, familiar, de amigos. Mas observei que me tornei reprimida, reprimida em sentir alegria em situações por causa de um problema externo, um problema com outros que me cercavam, um horário marcado e a minha incapacidade (ainda) de aproveitar um momento por causa da aparente infelicidade de uma pessoa que queria deixar os outros infelizes também (se era de propósito ou não, não sei, mas conseguia deixar o ânimo na camada do pré-sal e, infelizmente, não era só o meu).

Hoje, perto daquele rio, apesar do calor, perto de uma vegetação agradável, não sentia aqui dentro a felicidade que pensei que sentiria. Pelo contrário, parece que depende da felicidade de outra pessoa, o que não acontece agora... Se o rio e o efêmero vento àquela altura me fariam bem eu creio que sim, mas mesmo que seja um engano é impossível você passar por situações e ao menos alguma não lhe fazer sorrir intensamente por dentro.

A questão é que demorei muito buscando coisas que eu gostasse e me fizesse sentir alegria, satisfação, essas coisas. Eu sei de algumas, porém, notei que sempre vem essa sensação de comportas se fechando dentro de mim, às vezes se abrindo e derramando tudo. Portas se trancando e apertando alguma coisa que tava aqui, de intruso. Me acostumei a carregar essa repressão.

Quando meus botões e engrenagens decidem entrar em parafuso é sempre aqui que externava pra vê se fazia sentido. Muitos eram meio inúteis e foram pro ralo. Esse aqui pode ir também, todavia, por enquanto, faz sentido.

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