quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Novo ano, reciclagem

Nesse profundo vazio, o ano começa. Começa trazendo a expressão facial sem reação, a voz dizendo para não esperar muito das pessoas, que nesse mundo são poucos os que estão com você. Essa voz querendo ser ouvida: ela sou eu. A cada recomeço é como se os anteriores fossem apagados, e restassem apenas os destroços que utilizo para ser o que sou hoje, afinal, tudo é questão de evolução. Implicitamente isso se repetia a cada recomeço, seja de ano, seja de mudanças no meio do semestre. Ano novo, vida nova (ou não). O mesmo indivíduo, cercado pelas mesmas pessoas, porém seguindo seu curso natural (ou que deveria ser natural para todos): evoluir. E crescer para melhor.

Ano novo, vida nova (ou não). Não quero criar expectativas, apenas na maciota ir levando, fazendo gradativamente minha história nessa História da humanidade tão porca, com tantos poucos exemplos. Apesar disso, todos temos lados bons e ruins, não existe mocinho e vilão, existem seres humanos.

Nesse ano que começa, apesar das dores de cabeça por essa enxaqueca que "me mata", hoje aos dezessete, paro para ver o que sou nessa sociedade, nessa família, e, principalmente, para mim. As divisões da vida em fases parecem tão próximas agora, como uma só viagem de um trem-bala. Os dias, em sua especificidade, são tão lentos, porém depois que passa parece que foi tudo tão rápido. E eu, toda louca e torta, sempre quis aproveitar cada segundo para não me arrepender depois. Acabei aqui, estressada e ansiosa, por uma desilusão de que não dá para aproveitar cada instante como queremos e que as pessoas, ou a sociedade as fazem assim, deixam passar, simplesmente.

Nesse ano, quero quebrar paradigmas, e observar os que já foram quebrados. Fui a boa aluna, uma das poucas da classe que lia os paradidáticos passados (todos), mas isso nunca me impediu de ter amigos. No fundamental nunca precisei estudar mais que uns dias antes das provas. Fazia planejamentos e mais planejamentos nos primeiros anos do médio, tentava estudar todos os conteúdos, até o último semestre.

Sim, gosto muito de analisar o tempo.

E hoje observo o que fui. Sem vergonha do que já gostei, do que já escolhi e fiz. Entalhando a minha base da ampulheta (entre a ampulheta e a base, fico com a base), aprendi que não precisamos memorizar tudo que gostamos, basta fazer: ler, assistir, ouvir, comer; e entender o que a faz se sentir bem. Que as pessoas nem sempre vão te apoiar, e devemos conciliar os sentimentos ou as ligações familiares com a nossa vida, afinal, eles coexistem no primeiro lugar de importância. Percebi que não existem dias perfeitos e que é melhor ter algumas metas, mas pensadas, e dois dias médios do que um ótimo e um horrível. Que não é possível me definir em um texto, ou em coisas que gosto. Somos complexos, e só anos para se aproximar da nossa semente. Que as pessoas ou os cantores/artistas (no sentido real da palavra, não no que as mídias televisivas pregam: quem tem glamour, riqueza financeira, casa exorbitante e bom emprego na Globo), não são possuídos quando dançam daquele modo que consideram estranho e demoníaco, ou fazem batidas diferentes e pesadas e letras pensadas. Eles apenas sentem, o que esses robôs cheio de regras e normas não tem, sentimentos.

Quero desconstruir Amélia, viver em Alasca, encontrar Anakin (não o Vader) e ter os olhos certos para enxergar nessa podridão, com uma carga de falta de expectativas, espaço para buscar sentido na existência. Um dia de cada vez, na maciota.

A que tinha vergonha de se assumir como pessoa e usar os verbos em primeira pessoa, por ser apenas uma mera adolescente. Mas isso estava errado. Somos feitos de evolução, as divisões servem apenas superficialmente. Existem adultos que nunca saíram dos catorze, e adolescente que possuem mais de trinta mentalmente e em atitudes.

Nessa delimitação do tempo que se inicia, quero reciclar-me. Analisar as composições até hoje, as dificuldades, as relações, e começar a solidificação do meu ser.

Nesse novo ano, quero apenas ser eu. E quando desejar me ver longe de mim mesma, não permitir.

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