sábado, 29 de novembro de 2014

Talvez a culpa seja minha:

Que não fiz o que tinha que fazer
Que não escrevi o que tinha que escrever
Que não compreendi o que tinha que compreender
Que não busquei o que tinha que buscar
Que não lutei pelo que tinha que lutar
Que não tentei o que tinha que tentar
Que não sorri quando tinha que sorrir
Que não sonhei o que tinha que sonhar
Que não fui o que tinha que ser



Que não fui eu. E agora, sou pó
vivo.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Momento

Uma coisa
Apenas uma vez
Acontece
Nada repete
Nada refaz
Nada se faz presente duas vezes
Com tamanha certeza
Pretérito passado
O vazio existe
Coisa alguma é interminável
Ele se faz existir
A tristeza e a alegria
Compartilham
O mesmo sangue
E o agora
Deveria pertencer à mim
O amanhã pode não me caber
Mas somos feitos, também
De despedidas

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Já me fechei
Me tranquei
E não deixei levar
A lugar algum

Hoje permito
Me consinto
Pois quando passar
Quero olhar para trás
E sorrir
Ao invés
De querer
Desesperadamente
Fazer tudo o que queria ter feito

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Cacos

Há desordem
Busca-se uma forma
Um conforto
Um motivo
Uma forma de varrer
Os cacos
Perdidos

Jogados entre traças,
Debaixo da cama
Empoeirados
Esquecidos
Feridos

Cor

Pego, então, o que é real
Destruo
Separo
Transformo.
Construo, de outra forma
Aquela realidade
Para a cor do interior

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Escape

Ele levanta e vai lá. Mais um dia com as mesmas pessoas, os mesmo rostos vistos apenas de passagem sem sequer saber o nome. O mesmo pequeno círculo de faces. Apenas

Mais um turno da luta mensal, anual, de uma vida, esperando o reforço da esperança a cada queda ou simplesmente a cada nascer do sol.

Os dias passam monotamente e tristemente apesar do pão na mesa e do teto para dormir. Sim, ele luta, e contra dois inimigos-mães: os outros e si mesmo.

Todos os dias se senta à mesa para escrever, mas sua mente é teimosa demais para aceitar a mistura de realidades, para aceitar entrar em uma história criada no âmbito do seu cérebro e do seu ser enquanto o mundo desaba ao seu redor.

Insistente. E insiste em escrever frases curtas, contos, metáforas. Em espetar seus escritos com
trechos pessoais.

Por sorte do nosso personagem a situação apertou a ponto de se fazer escape. Do respirar ser puxado, e da mente querer percorrer caminhos.

Memórias

Nada como abrir uma caixa
E reviver memórias
Através de fotos.

Abrir um blog
E reler textos
De tempos passados
De alguém.

Nada mais sufocante e lindo.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

O ler na atualidade

De uns tempos para cá é inegável que o acesso à livros foi facilitado através de sites como Submarino, Saraiva e Livraria Cultura. Cresceu, ao menos aparentemente, a quantidade de livros publicados. E grande parte da literatura produzida e publicada atualmente é o que a professora, mestre e doutora Juliana Gervason chama de literatura miojo.

Juliana faz uma simples analogia, em um de seus vídeos publicados no Youtube, da literatura com dois tipos de macarrão: o instantâneo e o italiano. O instantâneo é prático, rápido de se fazer, não exige muitos conhecimentos culinários, mas não é tão gostoso quanto um italiano, que demora mais para ser feito, porém é preparado por alguém que entende do assunto e tem atenção com cada ingrediente e a mistura dos mesmo, de forma a preparar um prato bem elaborado e feito "sob medida".

A literatura prática, rápida, com linguagem mais fácil de ser compreendida, pode não ser tão boa quanto uma mais demorada para ser feita, mais pensada e elaborada.

A respeito de grande parte da literatura publicada atualmente, é possível ver dois pontos de vista: um que vê isso como algo positivo, já que veio acompanhado da facilidade de ter acesso à livros, e uma linguagem mais fácil pode chegar a um público maior; uma capa bonitinha e um título marcante pode chamar mais a atenção (que o enredo), e isso pode abrir portas para outras escritas, outros temas e incentivar os mais novos a ler de tudo. O outro não vê esse evento atual como algo tão positivo, primeiro porque a linguagem pode acrescentar vocabulário, mas pouco comparado a livros onde as palavras foram feitas espontaneamente e não facilitadas; segundo que, por acostumar a livros mais práticos, a pessoa não se interesse por outros mais construídos.

Nada contra a leitura simples e rápida. Eu gosto (bastante) de Quem é Você, Alasca?, mas isso não se torna o único tipo de leitura que almejo alcançar. Acredito no esforço. O esforço faz você conseguir coisas que não imaginava que conseguiria. Como disse Steve Jobs, fazemos o impossível por não percebermos que era impossível. Ler não é mero prazer, mas, sim, mudança. É algo para completar, para acrescentar, fazer pensar, analisar, e, se for o melhor, até mudar posições e pensamentos a respeito de algum assunto. As opiniões sobre esse assunto se divergem, mas fico com a de que é mais benéfico divulgar e incentivar a leitura de outras formas do que apenas publicando. Para Jobs o público não sabe o que ele que até que seja mostrado a ele, e isso pode fazer muito sentido. E, como disse Fitzgerald, "o escritos deve escrever para os jovens da sua geração, os críticos da próxima e os professores de todo o futuro".

Assim, a publicação de muitos livros atualmente pode sim ser algo positivo, pois o que vemos como best-seller hoje é muitas vezes menosprezado por muitos antes de se conhecer. Mas outros tantos livros que hoje são mundialmente conhecidos, na sua época foram best-sellers rejeitados pelos críticos, assim como clássicos atingiram ápices de vendas e foram bem recebidos pelo público. Não é possível prever, e se a literatura está trazendo mais leitores, que estejamos mais abertos para aceitar e não olhar com olhos tortos para o livro e para quem o lê.

Asas

Todos fazem isso. Seja impedindo o filho de escolher a faculdade que quer fazer; seja privando-o de conhecer novas pessoas e pôr em prática os valores que construiu ou adquiriu ao longo da vida; seja atrapalhando no ato de sonhar e na luta por alcançar o objetivo em que esse sonho se transformou.

São aqueles que ajudam e põem impecilhos. E, (fazendo uma comparação com outro ser da natureza) como uma boa borboleta, devemos com nossas próprias mãos sair do casulo e libertar nossas asas. Isso não é esquecer os que estiveram conosco até então, mas sim cumprir nossa missão de ultrapassar os impecilhos que nos são impostos, creio eu, justamente para mexermos as mãos e sairmos por conta própria.